Muitas crianças dizem que quando forem grandes querem ser médico(a)... uns porque, mesmo crianças, sabem que são pessoas respeitadas; outros porque querem "ter uma casa com duas piscinas e muito dinheiro", outros, porque gostam do corpo humano, e ainda outras, tal como eu na altura, porque gostariam de ajudar as outras pessoas, porque querem salvar pessoas!!
Quando se vai crescendo, as ideias vão-se modificando... eu também já quis ser cabeleireira (a vaidade é mesmo um pecado mortal!), e até talhante, dizia eu que gostava do cheiro e da textura das carnes... coisas de criança... mas a medicina nunca me saiu da cabeça!
Cresci a dizer que queria ser médica, e tinha muito orgulho nisso!
No secundário havia o medo e a insegurança de não conseguir concretizar o sonho (as médias eram mesmo muito altas!!)... e sempre alguma duvida de se estaria a lutar e, ao mesmo tempo, a perder muitas outras coisas da vida por algo que me iria mesmo realizar. Até que, apesar de o medo e a insegurança terem persistido, a dúvida dissipou-se e resolvi mesmo "por mãos à obra!". Sempre lutei por esse meu sonho, e tenho perfeita noção de que deixei muitas coisas para trás que muito ficou por fazer, e que perdi outras que também seriam muito importantes... mas não me arrependo!
Até que chegou o dia em que o sonho se tornou realidade... entrei em medicina... entrei no S. João... sei que vou ser médica!!
Depois do primeiro tumulto inicial, da excitação característica da maioria que, depois de muito se esforçar, vê tudo o que fez estar a ser recompensado, outras questões se começaram a levantar, e que a cada dia me passam mais pela cabeça e me fazem mais pensar...
Médica eu vou ser! Mas... serei uma boa médica...? E... o que é ser boa médica?
Tirar boas notas? Saber todos os pormenores? Os casos mais invulgares de uma certa doença?, Ou será mais importante a parte humana, a relação médico-doente?
Já tirei algumas conclusões... nem tudo na vida são rosas, e a cada dia eu tenho noção disso mesmo! É preciso haver equilíbrio, e como já diz uma celebre frase: "um médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe."
A cada dia que passa tento encontrar o equilíbrio, tentar ser cada dia melhor!
Se serei boa médica? não sei... mas sei que darei o melhor que eu conseguir dar aos meus doentes!
Há pouco tempo percebi que é muito bom ter-se sabedoria, conhecimento... mas muito mais do que essa mesma sabedoria, do que as boas notas, ou"as melhores notas", a confiança que se tem no profissional que está à nossa frente, a segurança que se sente quando estamos em frente "ao nosso médico", a parte humana dele, a sua dedicação ao doente, e muita, mas muita humildade são, pelo menos para já, e na minha opinião, dos ingredientes mais importantes para se ser um médico melhor!!
Conseguir acalmar um doente simplesmente pela sua presença é, com grande certeza, uma qualidade que todo o médico deveria ter...
Enquanto doente sei qual é a sensação de segurança de ter a mão do nosso médico na nossa mão antes mesmo de fazermos algo que, mesmo estando a disfarçar o medo, nos está a deixar extremamente inseguros; de ter as suas visitas regulares onde podemos tirar todos os macaquinhos que temos no nosso sótão, e conseguirmos ter o à vontade para o fazer...
Hoje conheço pessoas que para mim são um exemplo a seguir, espero não me desiludir, não desiludir quem gosta de mim, e um dia mais tarde... não desiludir os meus pacientes!
Tentarei ser o melhor que conseguir... e, como também já diz o ditado popular: "quem faz o melhor que sabe, a mais não é obrigado!"
"Ninguém é tão forte que nunca tenha chorado;
ninguém é tão fraco que nunca tenha vencido;
ninguém é tão inútil que nunca tenha contribuído;
ninguém é tão sábio que nunca tenha errado;
ninguém é tão corajoso que nunca tenha medo;
ninguém é tão medroso que nunca tenha coragem;
ninguém é tão alguém que nunca precise de ninguém."
ninguém é tão fraco que nunca tenha vencido;
ninguém é tão inútil que nunca tenha contribuído;
ninguém é tão sábio que nunca tenha errado;
ninguém é tão corajoso que nunca tenha medo;
ninguém é tão medroso que nunca tenha coragem;
ninguém é tão alguém que nunca precise de ninguém."
10 comentários:
O conhecimento e a humanidade são as duas principais qualidades que um bom médico deve ter. A humanidade já tu tens para dar e vender, o conhecimento estás a adquirir. Tenho a certeza de que vais ser uma excelente médica, madrinha!
Eu só quis ser médica a partir do 8º ano, precisamente porque a matéria foi toda, ou quase, à volta do corpo humano e adorei. Mas apesar de sempre ter estudado para tirar boas notas, nunca sacrifiquei nada por isso, se calhar foi o que me custou um ano. Mas não me arrependo. Atingidos os objectivos, mais tarde ou mais cedo, tudo o resto valeu a pena. :)
Eu gostei muito do teu post, porque tem a energia das convicções realmente sentidas. Porque nos deixam na esperança de que o mundo será melhor quando começares a exercer. Mas também o desejo que essa pureza nunca se perca quando for testada pelo cançado, pela falta de condições para o exercício mais condigno da missão, pelas incompreensões. Mas creio que nunca sairás deste rumo se continuares a olhar para o paciente como a razão de ser da tua missão, da tua paixão. Eu sou defensor da ciência, da medicina convencional, mas sei que a mente do ser humano tem uma força tão grande que sim, é verdade, a simples presença do médico pode até curar... Enquanto o paciente sentir que o estás a olhar nos olhos (alguns médicos nem olham para a cara dos doentes) ele vai sentir-se mais seguro.
Sabes que não vais conseguir curar todos os males. Sabes que ganhar e perder batalhas. Mas serás sempre vencedora se nunca deixares de olhar nos olhos do doente. Porque curar os males da alma é tão ou mais importante como as maleitas físicas e muitas vezes a primeira é esencial para a segunda. E ganharás sempre o respeito e admiração de quem, numa aflição, de ti precisou. Porque, no final de contas, foste humana, mais do que uma médica.
Acho que estás no caminho certo, vês as coisas como devem ser vista, e fico mais confiante se um dia tiver de passar pelas tuas mãos (espero que não... rs...). Se nunca te esqueceres que abraças uma missão e não uma profissão, teremos todas as razões para nos orgulharmos de ti.
Beijinho
Obrigada Jorge Pessoa e Silva pelas palavras, pelo incentivo, pelo "abre-olhos"... sei que ainda sou muito ingénua sobre o que por ai ainda vem... mas com certeza que manterei as minhas ideias e a forma de estar na vida e de olhar a minha futura profissão!
Sabes, mete muito medo perceber que daqui a alguns anos terei vidas na minha mão, e que terei de fazer tudo para as salvar e nem sempre irei conseguir!
Mas irei fazer de tudo para dar sempre o meu melhor!! =)
É assustador, não é, pensar que não daqui a muito tempo vamos ter vidas nas nossas mãos, pessoas que contam connosco para tornar as suas vidas melhores?
Também eu nas últimas semanas tenho tido a experiência de que os doentes (ou, no meu caso, os familiares deles) olham para os profissionais de saúde com toda a esperança e que, muitas vezes, é mais a sua compreensão e a sua humanidade e não o seu conhecimento que os conforta.
Mas de uma coisa tenho a certeza maninha, desde que continues firme nas tuas convicções e nessa vontade de ser sempre melhor, de certeza que vais ser uma GRANDE médica ;)
Beijinhos grandes
Estar no curso de medicina pode ser assustador. Estudamos. Fazemos exames. Passamos, com melhores ou piores notas. Vamos progredindo ao longo dos anos. E apesar dos que de fora vêm, 6 anos é muito pouco tempo. Num abrir e fechar de olhos estás a acabar e, por incrível que pareça, a confiança de que vais ser um bom médico é muito menor do que aquela que tinhas quando a tua média era 19 ou 20 e entraste em medicina!
Contudo, segue-se em frente na esperança que todos tenham razão quando dizem que é a prática que fará de nós bons médicos, ou melhor, médicos! A prática... Pois então que façamos mesmo isso. Que pratiquemos ao máximo a medicina, aproveitemos todas as oportunidades... Mas que, para alem de tudo, que nunca nos esqueçamos que vamos ter doentes e que o que nos distingue de todos os exames e máquinas que fazem diagnósticos é a capacidade de pensar e sobretudo, a capacidade de falar e ouvir o doente!!!
E por isso sei que vais ser uma boa médica! =)
Minha Querida, não tenhas dúvidas de que serás uma excelente médica, tens tudo o que é preciso, atenção, dedicação, humildade quando algo te ultrapassa, preocupação com o próximo.Já és assim com os amigos e com aqueles que se cruzam no teu caminho. Esses realmente são os ingredientes essenciais. Tem confiança e continua assim que tenho a certeza que algo de bom te espera lá na frente.
Que Deus te abençoe.
O equilíbrio do conhecimento com o humanismo, temperadas com a humildade são as caracteristicas principais de um médico.
Já Hipocrates dizia:"CURAR ALGUMAS VEZES, ALIVIAR MUITAS VEZES, CONSOLAR SEMPRE" e esta célebre frase faz parte do juramento que mais tarde todos nós faremos.
Se calhar diria mesmo que a menos importante seja o conhecimento, não porque a ache dispensável,mas acredito que se realmente nos comprometermos com os nossos doentes, se não soubermos o que fazer, iremos aconselhar-nos com alguém mais velho ou ser auto-didatas, de maneira a que possamos fazer tudo ao nosso alcanse por ele.
Porque estas caracteristicas, fazem já parte do teu perfil, sei que serás uma médica fantastica :P
Chamo-me Rita e estou no décimo ano. O meu objectivo é entrar em medicina mas tenho muito medo de não conseguir. Estou, neste momento, com média de 17,4 e vou-me esforçar bastante para conseguir, pois sei que ainda faltam dois anos e que não é impossível. Mas tenho medo, principalmente porque eu não me imagino a fazer outra coisa. O que achas?
Olá Rita :)
Acho que quando realmente queremos uma coisa, devemos lutar por ela com todas as armas que temos. Por isso, acho que não deves desistir.
Tens de estar ciente, que se te dedicares a valer, talvez vás perder muitas outras coisas que os teus colegas têm... vais ficar com algumas coisas por viver... não vais sair tantas vezes, ou ver tantas séries ou filmes como eles ao fim de semana. MAs se é realmente aquilo que queres, no fim, o sabor da vitória, do objectivo conseguido, vai valer a pena.
Agora outra coisa importante é que gostes mesmo de Medicina... e que não queiras ir só pelo facto de ser bonito e aparentemente (sim, porque é só aparentemente) dar muito dinheiro... é preciso gostar... por vais ter de te dedicar muito durante pelo menos mais 6 anos... e depois continuará a ser uma vida de dedicação. E acredita que é preciso gostar muito, senão deixa de valer a pena.
Estou agora no meu 6º ano, o último, mas não é fácil... dá muito trabalho... são muitas horas de estudo, muitas horas de trabalho...
Ainda assim, eu sempre defendi que deves dar o teu melhor, e depois poderás ter a hipótese de escolher p que mais te agradar.
Quanto a não te vires a fazer outra coisa, eu passei por essa fase, mas um conselho que te dou é que comeces a alargar horizontes... porque senão sentes-te demasiado pressionada por só teres essa opção q ainda assim não é fácil, e a pressão nem sempre é uma boa conselheira :)
Acho que te escrevi um testamento, qualquer coisa, pergunta...
Beijinho,
Equilibrista ;)
Eu gosto de Medicina, desde pequena que digo que quero ser pediatra.. E no sexto ano ainda fiquei mais interessada, quando começámos a falar da matéria do corpo humano. Por outro lado também sei que vai ser uma vida de muita dedicação e trabalho, mas também não quero ir pelo caminho mais fácil. Obrigada :) acho que precisava da opinião de alguém que já esteve no meu lugar e que conseguiu
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